Manifesto anti-Dantas e por extenso por José de Almada Negreiros poeta d'Orpheu futurista e tudo



O Manifesto Anti-Dantas e por extenso é um texto da autoria de José de Almada Negreiros, publicado em 1915 por ocasião da estreia da peça de teatro Soror Mariana Alcoforado de Júlio Dantas.

Em 1915 foi publicado o segundo número da Revista Orpheu, marco inicial do Modernismo em Portugal, onde participaram nomes como Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Santa-Rita Pintor e Armando Côrtes-Rodrigues. Todavia, a sua novidade, o seu arrojo, a sua ousadia tanto na produção literária como pictórica, causou escândalo junto da burguesia lisboeta conservadora. Entre os muitos opositores ao movimento estava o médico e escritor Júlio Dantas, cuja crítica aos vanguardistas foi feroz. Através deste manifesto, Almada reagia publicamente, utilizando Júlio Dantas como símbolo das posições mais retrógradas.


Este manifesto não teria sido possível sem Marinetti. Sem o clima de insurreição contra as belas-letras cultivadas pelas academias, naquele ambiente morno em que as imagens sediças têm um viço de esmalte e de pintura à pistola.Sempre esses cenáculos em que pontificam caducos literatos de graves ademanes senis e de frases brunidas, medidas pelo

diapasão dos clássicos que o tempo ressequiu, foram considerados os templos da Literatura e da Arte consagrada e definitiva.

Sempre também os que vieram ao mundo com algo para dizer de novo, reagiram contra esses colégios de eruditos e de artistas aposentados na glória, essa glória capitalizada em duas ou três obras de sofrível sucesso, elevadas pelo panegirico dos confrades do elogio mútuo a sensacionais obras primas de expressão mundial.

Mas escola nenhuma rompera tão desabridamente com as reverências do velho mundo das letras, refugara as glórias da tradição e da vida oficial, como esse Futurismo, que Marinetti projectara no mundo, com o ardor, a combatividade, a diabólica juventude dum libertário.

A Civilização material representada pelo industrialismo, a potência criadora do homem vista através das energias mecânicas, o dinamismo e a vertigem como expressão dum novo estado de alma trouxeram novos ritmos à epopeia através do verbo poético de Whitman, o grande poeta da democracia, e de Verhaeren, o cantor das grandes urbes tentaculares, em que a vida ganha uma expressão colectiva, como até aí só episòdicamente alcançara nos breves momentos das cruzadas ou das expedições militares.


Mas é o Futurismo que proclama a revolta do homem. E porque é muito mais um acto de rebelião e, portanto, um acto impossível de controlar racionalmente, do que um movimento literário ou estético que trás, por adição, ao património literário uma contribuição nova, no seu âmago estuam todas as contradições e germinam os grandes conflitos que pirotècnicamente deflagraram depois sobre o mundo, ensombrando de inquietação a face do nosso tempo.

O futuro militante fascista, ali apregoa o valor purificador e criador da guerra, o desdém da civilização pacífica e de todos os seus acentos femininos e cristãos. É a tuba sonora
da vertigem e da luta. A linguagem adquire um valor novo--lançada em combinações extravagantes e brutais, alheias à sintaxe e à lógica do discurso. São balas. São pedras. São gritos. Balas, pedras e gritos que aumentam de rumor na medida em que as
letras aumentam de tamanho.

O clima espiritual de Marinetti ninguém o traduziu melhor que Almada-Negreiros. Ele foi o melhor cartaz do modernismo em Portugal.

Sá-Carneiro era um esteta de ritmos prismáticos, em que a luz se decompunha em florescências decadentes e subtis. Era por assim dizer, uma bandeira heráldica, oirescente e escandalosa.

Fernando Pessoa toma para si o papel de mentor intelectual. Há sempre um sentido oculto nas suas criações literárias. Sempre lhe preside uma ideia. Sempre procura opor ao que está uma filosofia, uma mentalidade ou até uma nova humanidade.

Santa Rita figura de precursor, e como tal, é um impulso que se deixa de realizar em si para se realizar nos outros.

Almada é a trombeta do cortejo. Salta à frente, com este estridente manifesto literário, em que o escândalo rebenta por todas as linhas, salta à frente com teatralidade dos seus gestos, dos seus gritos e dos seus atentados ao gosto e aos hábitos do senhor-toda-a-gente, hábitos de trajar, de pensar, de fazer versos, de ser funcionário público e de ter descendência linfática.


Destapa a careca dos burgueses, ri-se da sua literatura sem noviade, sem imaginação, hipócrita e probremente sexual, do seu lirismo requentado, da sua política de labita, do seu
jornalismo sem agitação, da sua arte andrajosa e quase-litográfica, da sua moral caricata, amarrada estreitamente ao cadáver dum mundo que se afundava na cova, ruído de reumatismo.

É, em resumo, o gaiato sublime, que puxa a penca ao respeitável conselheirismo nacional e grita à plebe boquiaberta: _o Rei vai nu!_

Este manifesto, sublinha a revolta dos homens do século XX contra uma formação intelectual que não só não acompanhava as novas gerações nas suas inquietações como pretendia, ainda, continuar de costas para o Futuro, a impor, imperturbàvelmente, a _lei seca_ a um país sequioso de espírito novo.

É, por isso, um documento cujo valor ultrapassa o seu tempo. E pertence, por direito natural, a todas as gerações que vierem para a Vida com a sacrílega e humana ambição de Prometeu.


Almada Negreiros escreve o Manifesto Anti-Dantas reagindo à estreia, a 21/10/15 no Teatro Ginásio em Lisboa., da peça Sóror Mariana de Júlio Dantas. Integrando-se no grupo «daqueles que, usando dum legítimo direito e com plena convicção», patearam a peça de Dantas, uma «baboseira teatral» da autoria de um «homem cuja mediocridade inchada de egotismo o levou a comparecer em cena, ao chamamento de meia dúzia de claqueurs, ignorantes e ineptos» (Almada Negreiros e.a., A Lucta, 25/10/15), Almada terá redigido o manifesto, ou parte dele, logo após a representação, lendo-o no dia seguinte a um grupo de amigos. No entanto, o Anti-Dantas só será publicado meses mais tarde, em edição de autor, entre Junho e Julho de 1916.

Se o manifesto de Almada surge na consequência directa de um evento específico – o que explica sem dúvida a presença, num texto deste tipo, da longuíssima e caricatural descrição da estreia de Sóror Mariana – este constitui, fundamentalmente, uma reacção violenta contra todos os que criticaram o grupo de Orpheu – em suma, contra o conjunto da intelectualidade portuguesa, representado pela figura emblemática de Júlio Dantas. Pois se o autor da Ceia dos Cardeais não era dos piores representantes da mentalidade marasmada das nossas letras, não deixava porém de ser, pelo seu currículo multifacetado e pelo seu discurso eminentemente acaciano, o mais representativo dessa mentalidade. Poeta, dramaturgo, romancista, cronista, jornalista, historiador, tradutor, professor e director da Escola da Arte de Representar, médico, deputado, embaixador, senador, e ministro, Júlio Dantas escreve sobre tudo e a propósito de todos com uma superficialidade e um reaccionarismo apenas disfarçados por alguma graça e alguma elegância.


Mas para além de constituir o expoente máximo do establishment cultural português da época, Júlio Dantas assina ele próprio, no número de 19/4/15 da Ilustração Portuguesa, uma crónica sobre os poetas de Orpheu intitulada «Poetas Paranóicos». Através desta nota Dantas denuncia a excessiva publicidade feita à nova revista literária que, «tinha apenas de notável a extravagância e a incoerência de algumas, senão de todas as suas composições». Por um lado, o médico-escritor afirma que «loucos não são precisamente os poetas, mais ou menos extravagantes, que querem ser lidos, discutidos e comprados» e que «quem não tem juízo é quem os lê, quem os discute e quem os compra». Mas por outro lado, o título desta crónica refere-se manifestamente à tese de formatura em medicina de Júlio Dantas, Pintores e Poetas de Rilhafoles (1900), associando claramente os poetas de Orpheu à paranóia – que «rompe os muros dos manicómios e alastra, cá para fora, dando […] toda essa galeria de figuras de cera da literatura e da arte decadente» – e assimilando os seus poemas aos escritos do paranóico – «documentos pitorescos, variando com o conteúdo das ideias delirantes, gafos de neologismos e às vezes de arcaísmos, eriçados de expressões simbólicas, com abuso de capítulos, de maiúsculas, de itálicos», formulados numa linguagem «balofa, com períodos enormes e brilhos de brocado falso». Numa entrevista radiofónica concedida a 15/8/65 Almada referirá ainda, como estando na origem do seu manifesto, um inquérito organizado pela Capital acerca da suposta loucura dos poetas de Orpheu e dirigido a Júlio de Matos, Egas Moniz e Júlio Dantas – cuja resposta considera «indignante». Ora é provável que este inquérito, nunca localizado, tenha sido totalmente forjado pela personalidade teatral de Almada Negreiros de modo a reunir numa só peça vários alvos de acusação: o jornal A Capital, principal arauto das críticas a Orpheu, Júlio de Matos e Egas Moniz, pela entrevista concedida à Lucta a 11/4/15, e Júlio Dantas, pelo seu testemunho na Ideia Nacional, que ganha, assim, maior relevo.


O Manifesto Anti-Dantas representa também o culminar de uma animosidade antiga entre os modernistas e o autor d’A Severa. A 28/11/13, num texto sobre teatro publicado n’O Rebate, Mário de Sá-Carneiro refere-se ironicamente ao «genia[l] Sr. capitão-médico Dantas»; em Setembro de 1915 dedica-lhe a famosa quadra do poema Serradura, publicado por Almada no terceiro número de Sudoeste; sendo inúmeras as referências jocosas a Júlio Dantas presentes na sua correspondência com Fernando Pessoa: «o homem do Orpheu a assinar artigos na Ilustração ao lado do colega Dantas tem muito chiste não tem? Será descer – mas é com pilhéria» (Paris, 29/10/15); ou «viu a última Ilustração Portuguesa? […] vem […] lá uma página anunciando o número de Natal onde figuram os retratos dos colaboradores: Júlio Dantas, Augusto de Castro, etc., e... Mário de Sá-Carneiro, o homem do Orpheu! É fantástico! E podemos presumir que o nosso Dantas não deve achar a coisa muito bem...» (Paris, 12/12/15); e ainda, «pateada a Dantas publicamente – gente – do – Orpheu. Óptimo!» (Paris, 13/11/15). Quanto a Fernando Pessoa, encontramos já em 1913 pelo menos dois textos onde a figura de Júlio Dantas é parodiada. Em «Naufrágio de Bartolomeu», a propósito de Bartolomeu Marinheiro de Afonso Lopes Vieira, Pessoa escreve que «os homens do Portugal de amanhã», «educados na estupidez» e «levados ao anti-patriotismo», «terão por Shakespeare o Sr. Júlio Dantas, por Shelley o Sr. Lopes Vieira… e serão espanhóis» (Teatro: Revista de Crítica, 1/3/13). Num outro texto a propósito, nomeadamente, de Teatrália, publicação que apresenta colaboração dos professores da Escola da Arte de Representar, Fernando Pessoa refere-se ironicamente à revista, «iniciativa dos alunos da Escola da Arte de Representar» que não se «impon[do] como má […] tem claras pretensões a sê-lo», e ao «aluno» Júlio Dantas (Teatro: Revista de Crítica, 25/3/13). Já no âmbito da publicação de Orpheu, em 1915, Fernando Pessoa lamenta «a ignorância e incompetência dos nossos críticos, a incultura e a estupidez do nosso público, a indisciplina mental e o charlatanismo científico dos nossos pretensos homens de ciência», referindo «o Poetas e Pintores de Rilhafoles do Sr. Júlio Dantas» que «nem chega a constituir charlatanismo» (FP, Escritos sobre Génio e Loucura, p. 393).


O Manifesto Anti-Dantas e por extenso dirige-se explicitamente contra todos os Dantas de Portugal, contra um meio artístico e intelectual estéril e ultrapassado, incapaz de receber Orpheu senão com violência e escárnio. E assim, é enquanto «Poeta D’Orpheu / Futurista / E / Tudo» que Almada assina o seu texto, brandindo o estandarte futurista como mais uma provocação. Embora apresentado por um «Futurista / E / Tudo», o Anti-Dantas não assume os contornos nem de manifesto futurista, cujos princípios estruturais desrespeita, nem de manifesto do Futurismo, cujos ideais não proclama, adoptando no entanto elementos vários da poética futurista e aproximando-se formalmente da estética de vanguarda. Destinando-se à difusão de um programa determinado, os manifestos do Futurismo italiano usam os métodos da propaganda política, privilegiando uma linguagem persuasiva e sintética e assumindo um carácter essencialmente didáctico. O uso expressivo (plástico) da tipografia, a ausência de pontuação, ou o uso de onomatopeias – elementos característicos da poética futurista – são apresentados isoladamente e servem, geralmente, apenas como exemplo das teses defendidas. Ora o Anti-Dantas, para além de se apresentar totalmente redigido em caixas altas, apresenta uma página de rosto composta por tipografias várias cuja utilização não depende da esfera didáctica. O itálico, em «Futurista / E / Tudo», exprime graficamente o carácter jocoso e provocatório do futurismo de Almada, sendo usado, não no âmbito das suas habituais funções mas como signo puramente visual e portador de conotações novas. O aspecto gráfico do Anti-Dantas, em si, factor de provocação, não se destina a sublinhar o discurso propriamente dito do manifesto. A pequena mão negra que aponta , sinal tipográfico frequentemente usado na propaganda da época e que aparece seis vezes ao longo do texto, não mostra nem denuncia uma ideia chave, mas um ridículo «Pim !», servindo mais a derrisão que um propósito de compreensão. O mesmo se poderá dizer acerca das onomatopeias – «Basta Pum Basta»; «O Dantas […] Em Talento É Pim-Pam-Pum !» – que enfatizam o tom facecioso do texto. Ao adoptar alguns preceitos futuristas do ponto de vista da escrita, Almada reveste o Anti-Dantas dum vanguardismo provocador, defendendo, deste modo, a inovação literária de Orpheu contra a arte de «Todos Os Dantas».


Almada começa por atacar directamente Júlio Dantas, «Vergonha Da Intelectualidade Portuguesa», não só enquanto escritor – «O Dantas Saberá Gramática, Saberá Sintaxe, […] Saberá Tudo Menos Escrever Que É A Única Coisa Que Ele Faz !» – mas enquanto indivíduo – «O Dantas Nu É Horroroso», «O Dantas Cheira Mal Da Boca», etc. – imitando as popularíssimas nosografias da época, género de que o próprio Dantas se tornara especialista. Passa depois à crítica da primeira representação de Sóror Mariana, na origem do manifesto, fazendo pouco da peça em si mas também, indirectamente, de todos aqueles que, de perto ou de longe, contribuíram ao espectáculo. Sem nomear os alvos, o que seria desnecessário para qualquer leitor de 1916, Almada refere alguns grandes vultos do teatro português da época, nomeadamente, os actores Mário Duarte (futuro director da revista De Teatro), Mendonça de Carvalho e Maria Matos. Mas nisto não se «Resume A Literatura Portuguesa». Almada critica então abertamente Rui Chianca, Vasco de Mendonça Alves, Amílcar da Silva Ramada Curto, Urbano Rodrigues, André Brun, João Carlos de Melo Barreto, José Nunes da Mata, Faustino da Fonseca, Alberto Mário de Sousa Costa, todos eles, de uma maneira ou doutra, ligados ao meio teatral. Talvez porque para Almada o teatro seja uma arte onde «se reúnem todas as outras artes», «o escaparate de todas as artes». E é na verdade contra o estado de todas as artes e de toda a cultura portuguesa, que Almada Negreiros se revolta. Contra os jornalistas de «Todos Os Jornais», contra «Os Actores De Todos Os Teatros», contra «Todos Os Pintores Das Belas Artes E Todos Os Artistas De Portugal». Enquanto «Poeta D’Orpheu» insurge-se contra todos os que não souberam contribuir para o progresso da arte europeia, limitando-se a copiar modelos inúmeras vezes repetidos, e vendendo a sua arte aos aplausos de um público inepto ou de uma qualquer facção política. Almada posiciona-se contra «Todos Os Que São Políticos E Artistas» não deixando de aludir, com os «Menus Do Alfredo Guisado», ao afastamento deste colaborador de Orpheu, republicano convicto, em relação aos outros membros do grupo depois das intervenções de Raul Leal e Álvaro de Campos contra a figura de Afonso Costa, em Julho de 1915. A confusão entre arte e política em que Orpheu cairia pelas mãos de alguns jornais – sobretudo o República – é denunciada por Almada ao longo de todo o manifesto. Por um lado, ao citar nomes que, a par de Júlio Dantas, ocupavam paralelamente à actividade literária também cargos políticos de relevo. Por outro, criticando a consagração politizada de certos artistas – como o Dantas que «Ainda Apanha Uma Estátua De Prata Por Um Ourives Do Porto», alusão à mediática estátua de Afonso Costa mandada fazer em 1913 por um admirador – e de determinadas obras, como o Aljubarrota de Rui Chianca cuja estreia, a 1/12/12, suscitou por parte de «todas as classes do povo português», «ao verem ressurgidas e soberbas as figuras do nosso passado», «aqueles brados que solicitaram a Portuguesa, o acenar daqueles lenços, as aclamações que envolviam o presidente, figura simbólica e austera duma República digna» (A Capital, 13/12/12).


McNAB, Gregory, «Sobre duas intervenções de Almada Negreiros», in: Colóquio letras, n.° 35, Janeiro de 1977, pp. 103-110; SARAIVA, Arnaldo, «Pessoa “admirador” de Dantas? Dantas “admirador” de Pessoa?», in: Persona, n.º 4, Janeiro de 1981, p. 19; ALMADA NEGREIROS, José de, Manifestos e Conferências, Lisboa, Assírio & Alvim, 2006.



A EDIÇÃO PRINCEPS DESTE MANIFESTO, COM CAPA CINZENTA, EM PAPEL DE EMBALAGEM E TEXTO DISTRIBUÍDO POR OITO PÁGINAS SEM NUMERAÇÃO, FOI COMPOSTA COM ESMERO, EM VERSALETES, NA MANCHA DE 197x125, E ILUSTRADA ESTURDIAMENTE POR SEIS MÃOS NEGRAS, SEMEADAS NO TEXTO SEMPRE QUE SEU AUTOR PROCLAMAVA A NECESSIDADE DE MATAR O DANTAS. O OPÚSCULO CUSTAVA 100 REIS E TORNOU-SE DIFICÍLIMO DE OBTER LOGO APÓS SEU APARECIMENTO EM PÚBLICO, QUE JOÃO GASPAR SIMÕES SITUA EM ABRIL DE 1916, NOS 21 ANOS DO POETA, CORRENDO HOJE AINDA QUE A EDIÇÃO FORA QUASE TOTALMENTE ADQUIRIDA, (OQUE EXPLICA SEU PREMATURO DESAPARECIMENTO), PELO PRÓPRIO ESCRITOR EM QUEM ALMADA-NEGREIROS SIMBOLISAVA A LITERATURA DE BOM TOM, POSTIÇA E CHÉCHÉ, A LITERATURA COM CREDENCIAIS E ATESTADO DE BOM COMPORTAMENTO DO ASSISTENTE ECLESIÁSTICO, DA ACADEMIA DAS CIÊNCIAS E DE OUTROS GRÉMIOS IGUALMENTE CONSPÍCUOS--LITERATURAESSA QUE IGNORAVA O VERDADEIRO DRAMA DO HOMEM, E SUA FOME MATERIAL E ESPIRITUAL.


DESTA OBRA FOI DEPOSITÁRIA A DESAPARECIDA LIVRARIA MONTEIRO & C.^A, ENTÃO INSTALADA NA RUA DO OURO, 190-192, DA CAPITAL PORTUGUESA, E QUE FOI O PONTO DE PARTIDA DE QUASE TODAS AS MANIFESTAÇÕES MODERNISTAS DESSE CURIOSO PERÍODO DE DEMOLIÇÃO E RENOVAÇÃO LITERÁRIA E ESTÉTICA--PROJECÇÃO LUSITANA DA RESSACA FUTURISTA QUE PERTURBAVA A EUROPA DESDE QUE O NOVO SÉCULO DESPONTARA.

EDIÇÃO PRIVADA DE 300 EXEMPLARES
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